terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Stinson SR-10E Reliant

História e Desenvolvimento.


A Stinson Aircraft Company foi fundada em Dayton Ohio, em 1920 pelos irmãos aviadores Edward "Eddie" Stinson e Katherine Stinson, baseando sua primeira unidade fabril em Detroit. Michigan, junto ao aeroporto Wayne County. O primeiro modelo da companhia o Detroiter SM-1fez seu primeiro vôo em 25 de janeiro de 1926, resultando em um grande sucesso de vendas o que permitiu a abertura de capital da empresa criando assim a Stinson Aircraft Corporation em 4 de maio de 1926. Nos próximos três anos mais quatro modelos galgaram bons resultados em vendas gerando uma constante evolução nos modelos preparando o terreno para um dos maiores sucessos comercial da Stinson.

A empresa neste período gozava de excelente reputação no mercado de aeronaves civis no perfil de três a cinco ocupantes, e com base nesta experiência, em maio de 1933, os engenheiros Robert W. Ayer e C. R. “Jack” Irvine deram forma a um avião monomotor de asa alta capaz de acomodar um piloto e três passageiros. O modelo recebeu a designação de Stinson SR Reliant estando equipado com um motor radial Lycoming R-680 de 215 hp (160 kW), a aeronave foi rapidamente muito bem aceita pelo mercado civil norte americano e suas versões subsequentes a SR1, SR2, SR3 acumularam uma carteira de vendas superior a qualquer outra aeronave de sua categoria nos Estados Unidos.
O modelo Reliant SR4 passou a contar com o motor de pistão radial Wright R-760- E de 250 hp (186 kW), mais potente do que as versões anteriores, a estes se seguiram mais versões entre elas a SR-8E com capacidade para cinco ocupantes, a versão final destinada ao mercado civil foi designada Reliant SR10 que teve a produção total de 120 unidades divididas em oito sub variantes equipadas com motores Lycoming R-680-D6, Wright R-760E-1 e Pratt & Whitney R-985 Wasp Junior SB que foram produzidas até 1943 quando foi encerrada a fabricação de todos os modelos civis, totalizando 1.327 células entregues.

O modelo SR10 seria a gênese para a criação da versão militar AT-19, uma aeronave destinada as tarefas de treinamento que fora desenvolvida inicialmente para o atendimento de um contrato de fornecimento de 500 células que seriam destinadas a Royal Air Force (RAF) e Royal Navy (RN) nos termos do Leand Lease Act. A iminente entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial geraria a necessidade de uma grande demanda de aeronaves de treinamento e ligação, levando inicialmente o estudo de adaptação de aviões civis para o meio militar entre eles a conversão de dois SR.8B sendo designados UC-81, que entraram em operação junto ao Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC).
Ao longo do primeiro da Segunda Guerra Mundial cerca de 91 SR Reliant de diversas variantes foram solicitadas junto a frota civil para serem incorporadas a USAAC em versões militares designadas como UC-81B, UC-81C, UC-81E, UC-81F, UC-81G, UC-81H, UC-81J, UC-81K, UC-81L, UC-81M e UC-81N, uma versão especial foi criada para o desenvolvimento de técnicas de remoção de planadores sendo denominada XC-81D. Após o termino do conflito muitas das aeronaves militares americanas e inglesas foram repassadas ao mercado civil e também militar de outros países entre eles Argentina, Uruguai, Austrália, El Salvador, Mexico e Noruega, onde se mantiveram em operação até meados da década de 1960.

Emprego no Brasil.

Nomeado em abril de 1938, durante o Estado Novo, o interventor federal do estado de São Paulo, Adhemar Pereira de Barros, era um verdadeiro entusiasta de tudo que se referia a aviação. Brevetando-se como piloto na Europa em meados dos anos 1920, ao assumir a interventoria de São Paulo, deu considerável atenção a todas as iniciativas paulistas no meio aeronáutico. Isso incluiu esforços para modernizar a pequena frota de aviões a disposição do governo do estado de São Paulo, levando a aquisição e importação em fins de 1939 , um Stinson SR-10E Reliant, que foi transladado para o Brasil, sendo recebido em janeiro do ano seguinte.

Já em São Paulo esta aeronave foi inscrita no Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB), em 19 de janeiro de 1940 , recebendo a matricula PP-EAC e foi destinado ao transporte de autoridades e funcionários públicos  a serviço do governo do Estado de São Paulo, porém estas atribuições tiveram vida efêmera e por motivos não documentados o governo do estado optou em doar esta aeronave a recém criada Força Aérea Brasileira em outubro de 1941. Conjectura-se que um dos termos desta doação rezava que obrigatoriamente a aeronave deveria permanecer sediada em alguma base aérea no estado de São Paulo.
A aeronave um SR-10E alimentada por um motor de pistão radial Wright R-760E-2, fazia parte de um lote de 21 células produzidas desta versão, sendo uma das mais modernas já produzidas do modelo. Logo após a doação em dezembro de 1941 seu prefixo na RAB foi cancelado sendo adotada a matricula militar “2” e posteriormente 2653, e em março do ano seguinte a aeronave foi distribuída à Base Aérea de São Paulo, ficando a disposição do Quartel General da 4º Zona Aérea. Especula se também que uma segunda aeronave do modelo foi incorporada a FAB também no mesmo período recebendo as matriculas “1” e posteriormente 2652, porém existem registros divergentes sobre este fato.

Estas aeronaves se mantiveram em operação junto ao Quartel General da 4º Zona Aérea, realizando missões de ligação e transporte leve, em proveito dos oficiais e autoridade do QG. Mas com a chegada da segunda metade da década de 1950 verificou se que o trabalho realizando pelos Stinson era idêntico a outros modelos em operação na FAB e naquele período apenas o UC-SR10 FAB 2653 mantinha-se em operação, tornando assim sua manutenção muito onerosa.
Depois de sua última revisão geral, em março de 1957, a aeronave voaria pouco mais de 400 horas até ser decidido que deveria ser alienado e ser enviado para o Parque de Aeronáutica de São Paulo (PAMA SP), em novembro de 1960. Já excluído da carga do Ministério da Aeronáutica, o único Stinson Reliant da FAB foi alienado, sendo adquirido por um operador particular e eventualmente, reinscrito no Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB), com a matricula PT-BRT operando até fins da mesma década.

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