terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Northrop F-5E Agressores

História e Desenvolvimento.

A origem da família Northrop F-5 tem início em meados da década de 1950 com o desenvolvimento com recursos próprios do conceito de um pequeno caça multimissão de baixo custo aquisitivo e de operação, gerando duas variáveis de trabalho, sendo o projeto N-156F classificado como aeronave de combate e o N-156T um instrutor avançado com dois assentos em tanden. No final da década de 1950 a versão do caça multimissão N-156F passaria a ganhar a perspectiva de se tornar realidade pois o governo norte americano buscava desenvolver uma aeronave de combate multifuncional de baixo custo que pudesse se tornar uma opção atraente a ser fornecido as nações amigas com as quais os americanos buscavam aumentar seu poder de influência, em 25 de fevereiro de 1958, após avaliações iniciais dos parâmetros do projeto a Northrop recebeu uma encomenda para a produção de três protótipos, tendo o N-156F decolado da base da força aérea de Edwards o 30 de julho de 1959, embora o modelo tenha mostrado potencial em superar o F-100 Sabre em missões de ataque ao solo, a USAF não se interessou pela incorporação da aeronave em sua frota ou indicação para forças armadas alinhadas, gerando assim um certo desanimo por parte do fabricante. 

Em 1962 o governo Kennedy reativaria a intenção inicial de dispor de uma aeronave para fornecimento as nações amigas e uma nova concorrência denominada projeto FX foi lançada, e o N-156F sagrou se vencedor em 23 de abril de 1962, e logo se tornaria a principal aeronave de combate oferecida nos termos do MAP (Military Assistance Program - Programa de Assistência Militar).
O recém designado F-5A Freedom Fighter foi entregue inicialmente para a Força Aérea do Vietnã do Sul onde receberam seu batismo de fogo na operação Skoshi Tiger em 1965, após os resultados obtidos neste conflito o modelo receberia encomendas das Filipinas, Irâ, Etiópia, Noruega, Taiwan, Marrocos, Venezuela, Grécia, Turquia, Holanda, Turquia Coreia do Sul, Formosa e Espanha, sua produção foi encerrada em 1971 com um total de 1.629 unidades produzidas. No ano de 1968, o governo norte americano no anseio de manter sua influência militar sobre seus aliados começou a considerar um sucessor para a família F-5A/B Freedom Fighter, desta maneira, oito empresas foram convidadas a participar do processo IIFA (Improved International Fighter Aircraft ), o resultado foi anunciado em novembro do mesmo ano, tendo saído vencedora a empresa Northrop Aircraft Co, com seu projeto F-5-21 que nada mais era do que uma evolução do modelo anterior, o voo do primeiro protótipo ocorreu em  23 de agosto de 1972.

As primeiras unidades destinadas a Força Aérea Americana, foram entregues em meados de 1973, sendo os mesmos direcionados principalmente as unidades em operação no Sudeste Asiático, paralelamente ao emprego em missões reais, o 425th Tactical Fighter Training , baseado em Arizona, começou a receber suas primeiras células em 4 de abril de 1973, a principal incumbência desta unidade , era a de formar as equipagens das nações amigas destinadas a operar o modelo em suas forças armadas. Seguindo as diretrizes iniciais de seu desenvolvimento, o F-5E agora denominado Tiger II começou a ser fornecido para as nações alinhadas aos Estados Unidos, como Vietnã do Sul, Coreia do Sul, Irã, Chile, Brasil, México, Suíça, Malásia, Cingapura, Taiwan, Marrocos, Jordânia, Grécia, Tunísia, Arábia Saudita, Etiópia. Honduras, Indonésia, Quênia, Noruega, Sudão e Iêmen, com sua produção sendo encerrada pela Northrop Corporation somente no ano de 1987 totalizando a entrega de 1399 células dos modelos F-5E/F. 
No final da década de 1980 o F-5E Tiger encontrava-se tecnologicamente defasado quando comparado as novas ameaças advindas dos novos vetores do Pacto de Varsóvia, e seu substituto na USAF representado pelas primeiras versões do novo caça multi missão General Dynamics F-16 Fighting Falcon começavam a entrar em serviço, parecia realmente o fim da carreira do caça da Northrop em seu pais de origem. No entanto quando o modelo iniciou sua carreira junto ao 425th Tactical Fighter Training, os oficiais americanos ficaram impressionados com a manobrabilidade do F-5E em combate aéreo e com sua substituição pelo F-16 nas unidades de primeira linha a força área passava a dispor de um grande número excedente de células em bom estado, o que motivaria a transferência deste modelo para diversas unidades especializada em treinamento de combate dissimilar ( ACT), substituindo os treinadores T-38 Talon até então em uso, que não eram totalmente adequados a esta missão. Além das células já em uso foram incorporadas cerca de 70 células novas de fabricas que originalmente estavam destinadas a Força Aérea do Vietnã do Sul, foram incorporadas aos grupos 64th and 65th Fighter Weapons Squadrons of the 57th TFW baseados em  Nellis AFB no estado de  Nevada, também os Tiger seria empregados como agressores em esquadrões de treinamento da marinha e corpo de fuzileiros navais, onde foram empregados até fins da década de 1990.

Emprego no Brasil. 

Em fins da década de 1980 a Força Aérea Brasileira dispunha relativamente de uma  frota nova de aeronaves supersônicas , sendo composta  por caças Marcel Dassault Mirage IIIE e  Northrop F-5E Tiger II dispostos em  quatro unidades de primeira linha, porém já os Tiger já se encontram em uso há mais de 13 anos e acumulavam um índice de perdas em acidentes de risco o que promovia a necessidade de uma recomplementação imediata, também busca-se com solução a aquisição de aeronaves de treinamento  do modelo F-5F o que facilitaria o processo de conversão dos pilotos que até era realizado pelos F-5B Freedom Fighter, a opção por aeronaves novas de fábrica estava fora de cogitação pois sua produção havia sido encerrada em fins de 1987, desta maneira a opção restante era a aquisição de células usadas sendo os Estados Unidos a principal vertente muito em função da recente substituição pelo F-16 Fighting Falcon.
Desta maneira em 1988 a FAB adquiriu vinte e duas células do F-5E e quatro F5-F oriundos dos estoques da USAF em um contrato de US$ 13,1 milhões. Os F-5E foram matriculados FAB 4956 a 4877 e os F-5F, FAB 4806 á 4809, diferente das aeronaves recebidas em 1975, estas estavam configuradas no padrão americano, não dispunha da sonda de reabastecimento em voo, seus assentos ejetores eram da Northrop Improved, em vez do Martin-Baker MK.BR-Q7A, a avionica embarcada os novos aviões não dispunham da antena de VHF nem a quilha dorsal que abrigava a antena de ADF, porém contavam com o preparo necessário para recebera suite  ACMI (air combat maneuvering instrumentation). Equipamento necessário para emprego nos tradicionais exercícios Red Flag.Estas diferenças gerariam problemas para a padronização na cadeia de suprimentos de reposição. As células foram escolhidas diretamente das unidades da USAF, sendo onze originarias do 425th Tactical Fighter Training, sediado em Willians AFB e os demais onze oriundos dos famosos 64th e 65th Agressor Squadron (AS) que eram vinculados ao 57th TTW (Tactical Training Wing). Das vinte e duas aeronaves adquiridas dezesseis estavam entre os primeiros trinta F-5E Tiger II produzidos, dos quais os FAB 4856, 4857 e 4858 eram respectivamente o primeiro, segundo e quarto F-5E que deixaram a produção da Northrop. 

Os translados foram feitos por pilotos das unidades de Canoas e Santa Cruz, tendo como destino final o Rio Grande do Sul. Os primeiros seis saíram de Nellis AFB, Nevada, já os demais decolaram de Homestead, na Florida. As viagens foram realizadas sempre na ala de um Boeing KC-137 do 2º/2º Grupo de Transporte, em função das aeronaves não terem radio VHF. Os F-5 do segundo lote chegaram em Canoas entre outubro de 1998 e setembro de 1989. Por pertencerem a lotes distintos, a FAB resolveu concentrar o primeiro lote de 1975 no 1º Grupo de Aviação de Caça em Santa Cruz e segundo no 1º/14º Grupo de Aviação. Além dos problemas ocasionados pela diferença dos avionicos , uma análise mais detalhada mapeou uma série de problemas estruturais, alguns de ordem grave, principalmente entre as unidades oriundas dos Esquadrões Agressores (devido ao perfil de emprego que exigia muito dos pilotos e por consequente das aeronaves), sendo então encaminhas ao Parque de Material de Aeronáutica de São Paulo (PAMASP) para que se procedesse um minucioso processo de recuperação, paralelamente a este trabalho, seis aeronaves receberam a cambagem para operar o casulo CT-51F Caiman, reativando assim as missões de guerra eletrônica na FAB, que perdurariam até 1995, quando a perda do FAB 4868 foi perdido em uma ação operacional na cidade de Anápolis. Entre 1990 a 2005, as aeronaves de Canoas operariam mais dedicadas as missões de defesa aérea e os F-5E de Santa Cruz, nas tarefas aero estratégicas 
Em 1997 os dois lotes começaram a receber a integração para a operação com os mísseis israelenses Rafael Python III em substituição aos já obsoletos AIM-9B Sidewinder, posteriormente este processo abrangeu também o emprego do míssil ar ar de fabricação nacional o Mectron MAA-1 Piranha. A partir do ano de 2008 a células remanescentes começaram a ser encaminhadas a Embraer para sofrerem um extenso processo de revitalização e modernização que resultaria na nova versão "Mike", permitindo estender a vida útil dos Tigres até meados da década de 2020.

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