terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Grumman TBM-3E Avenger

História e Desenvolvimento.

O início das hostilidades entre os Estados Unidos e Japão, trouxe ao comando de defesa americano uma visão urgencial sobre a necessidade de se desenvolver novos vetores de combate, pois o emprego dos modelos em uso até então se demonstraram inadequados, como exemplo podemos citar os torpedeiros Douglas TBD Devastador que apresentaram uma performance extremamente ruim nos primeiros embates no teatro de operações do pacifico, se tornando claro a necessidade de substituição imediata. A solução começaria a se concretizar anos antes do início das hostilidades, quando em 1940 a marinha americana havia assinado com a Grumman Aircraft Engineerin Corporation, um contrato para o desenvolvimento e produção de dois protótipos de um novo torpedeiro embarcado com três tripulantes, este projeto estava fundamentado em requisitos básicos baixo custo de aquisição e operação, facilidade de produção em alta escala e robustez. 

O contrato previa um estreito prazo de apresentação dos primeiros protótipos, assim desta maneira os engenheiros aeronáuticos da Grumman empregaram como ponto de partida, o conceito aerodinâmico do recém criado caça embarcado F-4F3  Wildcat, esta decisão além de ajudar na redução do desenvolvimento do modelo iria ajudar em muito na comunalidade de alguns componentes entre as aeronaves. O primeiro protótipo alçou voo em 01 de agosto de 1941 sendo dotado com um motor radial Wrigth R-2600-8 Cyclone com 1700 hp, tendo os três tripulantes acomodados em tandem, sob um longo canopy envidraçado, como armamento defensivo possuía uma metralhadora .50 montada sob o lado direito do capo, uma Browming.30 instalada em um corte ventral na parte inferior e outra .50 alojada em uma torre dorsal elétrica giratória garantindo uma capacidade de autodefesa, testes iniciais apresentaram um desempenho muito superior ao seu antecessor, conseguindo a aprovação pela comissão técnica da USN ( Marinha Americana).
Em junho de 1941 a Grumman receberia seu primeiro contrato de produção englobando 286 aeronaves, com os primeiros exemplares de produção estando disponíveis para combate logo após a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, com seu batismo de fogo ocorrendo na crucial batalha de Midway, onde o já batizado Avenger infelizmente não apresentou resultados promissores, porém este início pouco auspicioso não desencorajou a Marinha Americana e, nos combates seguintes o Avenger se tornou extremamente apreciado por suas tripulações principalmente por sua alta velocidade, capacidade ofensiva e defensiva e alcance. Em vista dessas e de outras qualidades, a USN encomendou mais exemplares do TBF, em consequência, a divisão Eastern Aircraft do fabricante de automóveis General Motors passou a produzir o Avenger em novembro de 1942. Para distinguir os TBF produzidos pela Grumman dos produzidos pela General Motors ,este últimos receberam a designação TBM. 

A primeira versão denominada TBF-1 atingiu a cifra de 1.526 células, sendo sucedido pelo novo TBF-1C que apresentava melhor capacidade de combustível e a inclusão de duas metralhadoras .50 nas asas, esta variante receberia contratos de aquisição totalizando 765 unidades, entre elas algumas centenas destinadas a Marinha Real Britânica que receberam a designação TBF-1B, já as versões produzidas pela GM alcançariam o total de 550 células do TBM-1 e 2336 TBF-1C, a estes se seguiram novas versões culminando na variante final o TBM-3 em 1944 que passava a contar com um motor mais potente, cabides sublares para foguetes não guiados ou tanques suplementares, esta versão representaria o modelo mais construído, totalizando 4.600 unidades. Ao todo seriam entregues 9.839 unidades até fins de 1945, dispostas em 22 variantes, entre elas, torpedeiro, bombardeio, ataque noturno, transporte, antissubmarino, alerta aéreo antecipado e reboque de alvos.
Além de ter participado ativamente nas maiores e decisivas batalhas do Pacifico, os TBF e TBM Avenger também teriam grande participação na campanha antissubmarino contra as flotilhas alemães de submarinos no oceano Atlântico, não só a serviço da USN mas como também pela Marinha real onde inicialmente foram recebidas 402 aeronaves Avenger Mk I, seguidas por 334 TBM-1s Avenger Mk II e 332 TBM-3 Mark III. A Royal New Zealand Air Force também operaria um grande número de células principalmente em missões de um bombardeiro, operando a partir das bases da Ilha do Pacífico Sul. No pós-guerra o modelo seria fornecido a nações alinhadas junto aos Estados Unidos, tendo exemplares transferidos para a Holanda, Cuba, França, Japão, Nova Zelândia e Uruguai. Muitas aeronaves foram convertidas para o uso civil principalmente como aeronaves destinadas da pulverização de lavouras e combate a incêndios, com células em operação até os dias atuais.

Emprego no Brasil. 

Em fins da década de 1950 a Marinha Brasileira procedeu a aquisição de o seu primeiro porta aviões ligeiro que posteriormente receberia o batismo de NAeL A-11 Minas Gerais, logo após  o mesmo seria transferido para os estaleiros da empresa Verolme United Shipyard, em Rotterdam na Holanda, a fim de ser submetido a um extenso programa de modernização e atualização, neste mesmo período o comando da Aviação Naval iniciou tratativas visando a aquisição de aviões e helicópteros para dotar os grupos aéreos. Após a conclusão dos trabalhos o navio passou a ser submetido a provas no mar, neste processo estava incluso a avaliação dos sistemas de catapultagem e recolha de aeronaves, sendo empregados para isto aeronaves turboélices Gannet e caças Sea Hawk britânicos.

A busca por uma solução razoável em termos de custo benefício se daria através da doação de três células dos já obsoletos TBM-3 Avenger que se encontravam em processo de desativação do Serviço Aéreo da Real Marinha Holandesa e consequente devolução ao governo americano, pois haviam sido adquiridos através do Programa de Assistência Mutua de Defesa (MDAP), este processo seu deu através de um convenio com a Marinha Americana, umas das primícias deste acordo era o impedimento de voo destas aeronaves, embora as mesmas estivessem em plenas condições de operação. Desta maneira as duas aeronaves do modelo TBM-3E, com os números de registro BuAer 531412 e BuAer 85549 foram entregues ainda na Holanda, um oficial da marinha holandesa, ensinou aos brasileiros todas as técnicas para o uso, tais como sistemas mecânicos, elétricos e hidráulicos, bem como taxiamento , recolhimento das asas e várias corridas de decolagem.
As duas aeronaves recebidas pela Marinha do modelo TBM-3E, representavam o principal submodelo, do qual se constituiu a maior produção da General Motors, apresentando como diferenciais o refinamento nos cowl-flaps, extinção do posto da metralhadora ventral, reposicionamento do gancho de parada e menor peso bruto e cumpriam na Marinha Holandesa missões de patrulha, guerra antissubmarino e reboque de alvos, estas células foram transportadas durante o retorno do NAeL A-11 Minas Gerais ao Brasil. Após a chegada foi possível dar atenção ao início do processo de formação do pessoal destinado a compor as equipes de manobra, conquanto esse trabalho já havia sido iniciado por aqueles que acompanharam o recebimento das aeronaves na Holanda, restando  realizar a instrução das novas equipes sendo esta atribuição destinada ao Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval.

A intenção original era que ao menos um TMB fosse entregue aquele centro, mantendo o outro exemplar a bordo do Minas Gerais. Para atender a esse planejamento e visto que os três TBM-3 se encontravam em condições de voo, ficou decidido que eles fariam uma decolagem livre do porta aviões e voariam para São Pedro de Aldeia, a nova sede do CIAAN. Assim em 1 de setembro de 1961, logo após livrar o convés de voo, o TBM-3E N-502, perdeu sustentação e caiu no mar ao longo do litoral do Rio de Janeiro, felizmente o piloto o Capitão-Tenente Mario Costa sofreu apenas ferimentos leves, resultando somente na perda material. Assim a a unidade restante foi desmontada e transportada por terra até a base aérea de São Pedro de Aldeia.
Por sua vez o TBM-3E2 foi mantido a bordo do NAeL A-11 Minas Gerais, e estas duas unidades foram continuadamente empregados como instrumentos de instrução em terra ou embarcado, porém mesmo envidando esforços para manter todos os sistemas dos dois TBM que ainda restavam, incluindo a revisão geral dos motores, tornou se extremamente difícil conservar os dois em perfeito estado de funcionamento. Como resultado, um dos aviões foi desmontado para servir de fonte de peças de reposição.Em 26 de janeiro de 1965 quando da promulgação do decreto lei nº55.627, que determinava a Marinha somente a operação de aeronaves de asas rotativas embarcadas, as duas células foram disponibilizadas a Força Aérea Brasileira, que não se interessou pelos Avenger, sendo o modelo  TBM-3S desmontado e vendido como sucata e o TBM-3E preservado temporariamente junto ao Quartel dos Marinheiros no Rio de Janeiro.

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