sábado, 6 de janeiro de 2018

Focke-Wulf FW-44 Stieglitz

História e Desenvolvimento. 

No início da década de 1930 a Força Aérea Alemã necessitava de uma aeronave dedicada ao treinamento básico, para desenvolver as atividades de formação de novos pilotos, no esforço clandestino de recompor suas unidades áreas, que eram proibidas por vetos estabelecidos pelo Tratado de Versalhes ao final da 1º Guerra Mundial. Para se burlar este processo a estratégia foi informas que tais vetores seriam destinados a formação de pilotos civis e uso esportivo, sendo estas atividades liberadas.


A empresa Focke Wulf Flugzeugbau Gmbh em conjunto com a Albatros Flugzeugbau foi destinada a desenvolver uma aeronave destinada ao treinamento básico de pilotos, com o projeto ficando sob a liderança do brilhante engenheiro projetista alemão Kurt Tank, a concepção do novo treinador apresentava uma configuração aeronave biplana com assentos em tandem (um atrás do outro), tinha como premissas básicas a simplicidade e funcionalidade de fabricação e produção visando a construção em larga escala com baixos custos.
O projeto designado como FW-44 Stieglitz (Pintassilgo) logo tomou forma, com o primeiro protótipo alçando voo em fins de agosto do ano 1932, os ensaios de voo indicaram a necessidade de muitos aprimoramentos tendo mais drástica mudança o aumento da envergadura das asas, estas alterações criariam a versão de pré-produção FW-44A com o primeiro voo ocorrendo no início de 1935. As primeiras encomendas foram celebradas com as entregas ocorrendo no mesmo ano, logo em seguida uma nova versão designada FW-44B  , que estava dotada com um motor de quatro cilindros em linha refrigerado a ar invertido Argus AS8 de 120hp passou a ser fabricada se tornando o modelo padrão de treinamento básico para as escolas de voo “Fliegerschule” da  Luftwaffe (Força Aérea Alemã).

A próxima versão denominada FW-44C se destacaria como a principal variante de produção da aeronave, e passou a ser equipada com um motor a pistão radial Siemens SH-14A de 7 cilindros, a esta se seguiram as versões “Eco” e “Fox” com pequenas alterações, durante os anos de 1936 a 1945 o Stieglitz representou o sustentáculo do esforço de formação de pilotos militares alemães, como missão secundário o modelo foi empregado como aeronave de ligação, não existem registros exatos sobre o total de aeronaves produzidas mas estima se algo em torno de 3.000 células.
A última variante a ser construída foi a FW-44J, sendo equipada com um novo motor a pistão radial Siemens SH14A de 150 hp de 7 cilindros e tinha por finalidade o mercado de exportação sendo fornecidos ou fabricados sob licença nos anos que antecederam a Segunda Guerra Mundial, com emprego junto as forças armadas da Turquia, Argentina, Suíça, Iugoslávia, Suécia, Brasil, Espanha, Romênia, Polônia, Hungria, Finlândia, Colômbia, Chile, Bolívia, Bulgária, China, Áustria, Tchecoslováquia e Eslováquia. 

Emprego no Brasil. 

Em meados da década de 1930 a Aviação Naval Brasileira a exemplo da Aviação Militar, buscava no mercado internacional um substituto para a sua já antiga e  desgastada frota de treinadores básicos, entre eles os De Havilland  DH-60 Gipsy Moth e DH-82 Tiger Moth, além da obsolescência o principal fator de preocupação estava baseada nos altos índices de indisponibilidade atingindo cerca de 45% de toda a força operacional, isto se dava principalmente pela total carência de treinamento, ferramental e material necessários aos processos de manutenção mais complexos das aeronaves. No intuito de amenizar esta deficiência a diretoria da Aviação Naval vislumbrava a necessidade de se lançar as bases para a edificação de uma indústria aeronáutica nacional, para isto um dos preceitos básicos deste processo de seleção de um novo treinador deveria prever a produção sob licença do modelo escolhido no Brasil.

Com base a buscar as melhores alternativas para aquisição e produção sob licença, a Marinha enviou delegações para visitar industrias aeronáuticas na  Alemanha, Estados Unidos, França e Itália, dentre estas, a equipe capitaneada pelo Comandante Raymundo Vasconcelos de Aboim aferiu que a melhor opção fora oferecida pela empresa alemã Focke Wulf Flugzeugbau Gmbh,  prevendo um amplo pacote de aeronaves com produção sob licença englobando os  modelos FW-44J Stieglitz para treinamento primário, FW-56 Strosser para treinamento básico e FW-58 Weihe para treinamento multi motor. De acordo com a proposta as primeiras células seriam montadas inicialmente no Brasil por técnicos alemães, desenvolvendo assim um gradativo processo de nacionalização em acordo com os termos de transferência de tecnologia previstos no contrato. Um dos pontos de destaque contemplados neste contrato era o fornecimento de todo o suporte técnico para se criar uma linha de produção de alta tecnologia, as células seriam montadas e produzidas nas Oficinas Gerais da Aviação Naval (OGAvN) que foram construídas sob esta orientação e capacitação na Ilha do Governador no estado do Rio de Janeiro.
A primeira célula do FW-44J chegou no porto do Rio de Janeiro em 02 de novembro de 1936, sendo montada por técnicos alemães, esta aeronave recebeu a matricula I1Fw-146 e teve seu primeiro voo em 10 de novembro do mesmo mês, novos voos foram efetuados para fins aceitação, gerando a decisão de se contratar a produção de dois lotes de vinte aeronaves entre os anos de 1937 e 1938. Concluído este processo, todos os esforços foram concentrados no treinamento da equipe (operários e técnicos especializados) e preparação da linha de produção do Stieglitz, com a primeira aeronave do lote inicial alçando voo em 8 de maio de 1937 e a última em 4 de agosto do mesmo ano. Estas aeronaves receberam as matriculas I1AvN-126 a I1AvN-145, o segundo lote foi produzido entre 29 de janeiro de 1938 e 25 de julho do mesmo ano, recebendo as matriculas I1AvN-148 a I1AvN-167.

As aeronaves denominadas na Aviação Naval como “Pintassilgo” foram destinadas a Escola de Aviação Naval, onde substituíram a partir de 1937 os DH82/A Tiger Moth na 1º Divisão de Aviões de Treinamento, passando a realizar as missões de treinamento básico em prol da formação de pilotos. Nesta organização as aeronaves foram distribuídas em quatro esquadrilhas denominadas 1-I-1, 2-I-1, 3-I-1 e 4-I-1. Em 1939 a Aviação Militar do Exército Brasileiro viria a receber duas células que foram doadas pelo governo argentino, sendo originalmente produzidas pela Fabrica Militar de Aviones, portando as matriculas 57 e 58 e foram destinadas a Escola de Aeronáutica Militar (EaeM), sendo empregados em voos de adestramento pelos oficiais desta unidade.

Em janeiro de 1941 a criação do Ministério da Aeronáutica determinou a transferência 36 aviões Focke Wulf (OGAN) FW44J e dois Focke Wulf (FMA) FW44J que continuaram em operação junto á 1º Esquadrilha de Adestramento Militar (1ºEAM), porém a decisão de concentrar toda a formação de pilotos junto a Escola de Aeronáutica (EAer) que empregava aeronaves oriundas da Aviação Militar, deixou os FW-44J sem missão, gerando a transferência de algumas unidades para a Diretoria de Aviação civil. No entanto a entrada efetiva do Brasil na Segunda Guerra Mundial criaria a necessidade de formação de novos pilotos em alta escala, o que levou a criação do Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR), que passaria a ser equipada com os Pintassilgos.
Os embargos determinados pelo desenvolver da Segunda Guerra Mundial, interromperam o fluxo de reposição de itens essenciais de origem alemã, principalmente os delicados componentes do motor Siemens SH-14A, este cenário elevou rapidamente as taxas de indisponibilidade do modelo, aliado a este cenário o recebimento de novos modelos de instrução primaria como os PT-19A/B viria iniciar o gradativo de substituição e desativação dos FW-44J a partir de 1945. Das 28 aeronaves remanescente, 15 consideradas em melhor estado foram destinadas ao Departamento de Aviação Civil (DAC), para o emprego civil junto a aeroclubes. Algumas poucas células ainda permaneceriam em uso na FAB até fins de 1946, sendo empregados em missões de ligação como aeronaves orgânicas junto a Base Aérea do Galeão e Base Aérea de Canoas.

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