terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Consolidated PBY-5 Catalina

História e Desenvolvimento. 


Em meados da década de 1930 o comando da marinha americana passou a considerar como inevitável a curto e médio prazo um conflito no oceano pacifico, e o seria necessário o emprego de uma nova geração de aviões de patrulha e bombardeio com grande alcance operacional, tendo em vista a baixa disponibilidade de aeródromos preparados para aeronaves de grande porte em suas bases nas ilhas do sudeste asiático. O objetivo inicial visava a concepção de uma nova aeronave naval (tipo aerobote), bimotora de médio porte com raio médio de ação de 4.800 km, velocidade de cruzeiro de 260km/h e um peso máximo de 11.340kg. Além da função de patrulha, este projeto deveria ser configurado para atendimento as missões de guerra antissubmarino e bombardeio naval, visando assim de uma vez substituir os já obsoletos hidroaviões biplanos Consolidated P2Y e Martin P3M.

Esta concorrência envolveria a participação das empresas Douglas, Martin e Consolidated Aircraft, tendo a Marinha Americana (US Navy) deferido por este último participante pelo projeto apresentado primar pela simplicidade e baixo custo de operação e aquisição. Esta aeronave designada pelo fabricante como Modelo 28 fora projetado pela equipe do engenheiro Isaac M. Landdon em 1933, e apresentava a configuração bimotora com dois motores Pratt & Whitney R-1830 – 1854 Wasp de 825 hp, com asas em para sol, quatro montantes de fixação de flutuadores retrateis nas pontas das asas que permitiam melhor controle da aeronave na agua e menor arrasto aerodinâmico quando em voo. O primeiro protótipo designado XBP-3Y1 (X de experimental, BP de bombardeio patrulha e Y de código do fabricante), fez seu primeiro voo em 28 de março de 1935. Submetido a uma série de ensaios o modelo foi homologado pela US Navy, tendo como principal aprimoramento a introdução de um motor de 900 hp e pequenas modificações aerodinâmicas que facilitariam a decolagem.  
A primeira aeronave de série de versão denominada PBY-1  foi entregue em outubro  de 1936 ao Esquadrão VP-12, sendo esta aeronave pertencente ao primeiro contrato de produção de 60 aeronaves que foram recebidas até junho do ano seguinte, neste mesmo ano começou o desenvolvimento de uma variante aprimorada o PBY-2 que recebeu encomendas de 50 aeronaves , este seria seguido pelo modelo PBY-3 alimentado por dois motores radiais  R-1830-66 de 1.000 hp, com 66 construídos e pelo PBY-4 com 33 unidades equipados com  motores  R-1830-72 de 1.050 hp. A última versão do agora batizado Catalina foi designada como PBY-5 e tinha como melhoria a provisão para tanques de combustíveis extras com proteção parcial auto-vedante, melhor armamento defensivo, hélices hidráulicas, bolhas de observação e novos motores mais potentes motores Pratt & Whitney R-1830-82 ou -92 de 1.200 hp. 

O primeiro contrato de produção abrangeu a entrega de 167 células a partir de 1939, a estes somaram se mais contratos entre eles para a exportação como as aeronaves vendidas ao Comando Costeiro da Real Força Aérea, ao todo seriam produzidas pelas instalações da Consolidated Aircraft 684 células desta versão, não contabilizando centenas de aeronaves produzidas sob licença na União Soviética como o GST. A necessidade de se operar a partir de pistas de pouso fez surgir o Modelo 28-5A ou PBY-5A, que era uma versão anfíbia do PBY-5. O trem de pouso era triciclo com acionamento hidráulico com as rodas principais recolhendo para a lateral da fuselagem através de um sistema de engrenagens, foi a primeira versão que podia ser dotada com um radar de busca marítima instalado em um radome acima da cabine, ao todo seriam construídas 803 aeronaves. A última variante desenvolvida foi a PBY-6A que apresentava um novo redesenho de cauda, os pedidos iniciais apontavam 900 unidades, porém o término da Segunda Guerra Mundial levou ao cancelamento deste contrato, sendo entregues apenas 175 aeronaves.
Além da Consolidated, que possuía linhas de montagem em San Diego (CA), New Orleans(LA) e Buffalo(NY), o Catalina também foi fabricado sob licença no Canada, pelas empresas Boeing e Canadian Vickers, houveram também aeronaves construídas na União Soviética, sendo os aerobotes denominados GST / MP-7 e os anfíbios designados como KM-1 e KM-2. Foram produzidas 2.395 unidades das diversas variantes pela Consolidated, 731 unidades fabricadas no Canada (onde receberam o nome de Canso), 155 pela Naval Aircraft Factory e cerca de 770 aparelhos produzidos na Uniao Soviética, perfazendo um total de 4.051 unidades entregues no período de 10 anos ininterruptos, fazendo do Catalina o aerobote/anfíbio mais construído em todo o mundo.

Emprego no Brasil. 

A ameaça representada pela ação do submarinos alemães e italianos ao longo da costa brasileira começou a ser enfrentada após a declaração de guerra aos países do Eixo em agosto e 1942, quando a Marinha Americana começou a operar esquadrões antissubmarino a partir de bases principalmente no litoral do nordeste, neste período a recém criada Força Aérea Brasileira não dispunha de treinamento ou meios aéreos adequados a realização destas missões, cabendo as aeronaves da FAB apenas voo de presença ao longo do litoral, no entanto as tripulação começavam a acompanhar as missões americanas conquistando ao pouco a instrução e qualificação necessária. Com a assinatura do acordo Leand & Lease Act este cenário começou a mudar com o recebimento de modernas aeronaves e o início de programas voltados ao treinamento de equipagens de diversas especialidades.

No fim de 1942 foi determinado que a Força Aérea Brasileira deveria começar a assumir uma parcela das atividades de patrulhamento e guerra antissubmarino em seu mar territorial , para isto dentro dos termos do Leand & Lease foram transferidos sete aeronaves PBY-5 Catalina que estavam em operação no Esquadrão VP-94 da Marinha Americana  que estava operando na Base Aérea do Galeão, todas passaram a ser concentradas na cidade do Rio de Janeiro onde em 1943 foi criada a USBATU (United States Brazilian Training Unit), unidade dedicada ao treinamento das tripulações brasileiras em tecnadas de guerra antissubmarino, anti superfície e patrulha . Após a conclusão deste programa de formação três aeronaves foram distribuídas para o 7º Regimento Aviação na Base Aérea de Belém, três permaneceram no Rio de Janeiro, na Unidade Volante do Galeão; e a sétima foi envida para o 14º Corpo da Base Aérea de Florianópolis em Santa Catarina, onde passaram a iniciar as missões de patrulha, inicialmente com tripulações mistas de oficiais da FAB e US Navy e depois somente por brasileiros. 
Os primeiros embates reais começaram a ocorrer no mesmo ano quando o PBY-5 PA-02 comandado pelo oficial Alberto Martins Torres, estava em missão de patrulha na região de Cabo Frio acompanhando à saída do comboio JT-3 com destino aos Estados Unidos, passou a acompanhar o submarino alemão U-199 que havia sido detectado e atacado por uma aeronave PBM-3 Mariner da US Navy, este ataque não surtiu sucesso, porém o mesmo foi novamente atacado agora por um A-28 Hudson da FAB, a tripulação alemã ciente da impossibilidade de submersão provocada por avarias do ataque anterior começou a fustigar o Hudosn com disparos de metralhadora, concentrando toda sua atenção neste objetivos, não detectando assim a aproximação do Catalina que lançou três cargas de profundidade no alvo, uma quarta carga seria ainda lançada apenas para confirmar o afundamento, pois a tripulação alemã já abandonara o barco. Este seria o primeiro afundamento de um submarino alemão por uma aeronave e tripulação brasileira, após o feito a aeronaves sobrevoou os sobreviventes lançados botes infláveis e viveres, sendo os mesmos resgatados posteriormente por um navio americano. O Catalina PA-02 recebeu o nome de Árara em homenagem a um dos navios brasileiros afundados por submarinos do Eixo no litoral brasileiro em 1942.

Em 30 de outubro de 1943 o PBY-5 PA-01 pilotado pelo Capitao Aviador Dionisio Cerqueira de Tanuy do 1º Grupo de Patrulha baseado no Galeão, identificou e atacou o submarino alemão U-170, infelizmente não conseguiur realizar o afundamento do barco em virtude de graves avarias provocadas pela artilharia antiaérea alemã. Durante o transcurso da guerra inúmeras missões foram realizadas pelos PBY-5 Catalina, registrando novos encontros e combates com submarinos alemães e italianos. Este esforço de guerra seria ampliado em dezembro de 1944 com o recebimento de mais 15 aeronaves agora na versão anfíbia o PBY-5A que também pertenciam ao esquadrão VP-94 da Marinha Americana, o que possibilitou a criação 2º Grupo de Patrulha, de acordo com o Decreto-Lei N.º 6.796, de 17 de agosto de 1944. 

Com a reformulação da sistemática de designação de Unidades Aéreas da FAB, adotada a partir de março de 1947, o 2º Grupo de Patrulha foi desativado e todas as suas aeronaves foram transferidos para Belém/PA. O 1º Grupo de Patrulha foi transformado no 1º Esquadrão do 2º Grupo de Aviação (1º/2º GAV), de acordo com o Aviso n.º 5, de 1º de abril de 1947. A nova Unidade também recebeu a incumbência de ser a responsável por ministrar a instrução de Aviação de Patrulha na FAB, formando, anualmente, os novos pilotos de Patrulha.
Dentre os sete PBY-5 recebidos em 1943 além de pequenas diferenças no esquema de camuflagem e marcações podemos identificar em fotos de época que não havia uma padronização em termos de equipamentos de detecção e acompanhamento de submarinos e navios de superfície, células como o PA-01 e PA-02 não dispunham de suíte eletrônica de combate enquanto as demais células sim. Após o termino do conflito os Catalina da FAB começaram a ser retirados das missões de patrulha e guerra submarino, passando a ser empregados em missões de busca e salvamento e transporte, no No final de 1948, a FAB adquiriu, no Canadá, seis aeronaves Modelo PBV-1A Canso (originários da Royal Canadian Air Force e que eram uma variante canadense do Catalina), com o objetivo de substituir os aviões acidentados e possibilitar a desativação dos modelos mais antigos PBY-5 cuja operação era mais trabalhosa que a variante anfíbia.

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